sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Qual a operadora da Presidenta?


Brasil
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Governo federal estuda mudanças no plano nacional de banda larga
SECCION: Países
FUENTE: Valor Económico
FECHA: 30 Agosto 2012
AUTOR: Rafael Bitencourt
PAIS: Brasil




O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, disse ontem que o governo estuda a reformulação da Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), lançado durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. As mudanças ocorreriam, basicamente, com o estabelecimento de novo patamar de velocidade mínima, atendimento de áreas remotas e subsídio ao acesso dos usuários de baixa renda.
Bernardo disse que a reformulação do plano atenderá à solicitação da presidente Dilma Rousseff de estabelecer a velocidade mínima de 5 megabits por segundo (Mbps). Segundo o ministro, com o lançamento do plano esse patamar poderá ser de até 10 Mbps.
O ministro prevê que o novo plano, batizado por ele de ‘PNBL 2.0′, será lançado em um ano. Por enquanto, segundo Bernardo, o governo tem-se ocupado de discutir as condições de implementação do plano com o setor privado, especialmente com fabricantes como Qualcomm e Cisco, por exemplo.
O atendimento a regiões remotas será feito pela estratégia de universalização do serviço, que poderá incluir o uso do satélite, a ser lançado pela Telebras em parceria com o setor privado. As áreas de atendimento prioritárias serão aquelas com dificuldades de acesso, como a região Amazônica. Sem apresentar detalhes, o ministro disse que poderá ser adotada uma forma de subsidiar os usuários de baixa renda.
Em relação à velocidade de acesso à internet, o ministro disse que a divulgação do desempenho da prestação do serviço pelas operadoras poderá aumentara competição no setor. No fim de outubro começará a medição da velocidade com mais de 50 mil clientes que usam conexão de rede fixa.
As empresas que descumprirem os níveis mínimos de qualidade, segundo Bernardo, serão fiscalizadas ‘com rigor’ pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), sujeitas a multa e suspensão de vendas. Bernardo, no entanto, afirmou que a “primeira sanção” sofrida pela operadora se dará com o “vexame” de aparecer como empresa com pior qualidade em determinada região.
O aumento da competição, no entender do ministro, se dará quando o usuário tiver acesso ao ranking de desempenho que será divulgado mensalmente pela agência. Serão avaliados 12 mil pontos de acesso à internet. Embora a mostra seja reduzida, comparada aos 20 milhões de usuários de internet fixa, Bernardo opinou que a qualidade da medição não será comprometida.
Quanto ao acesso à internet por meio de dispositivos móveis, os critérios para medição da qualidade do serviço ainda estão sendo definidos, segundo o superintendente de serviços privados da Anatel, Bruno Ramos. O técnico justificou que a tecnologia móvel envolve maior complexidade que as conexões por rede fixa. Para a conexão móvel (smartphones e minimodems) serão escolhidos pontos fixos para instalação dos equipamentos de medição.
A partir do dia 29 de outubro, a PricewaterhouseCoopers (PWC) será responsável pelas medições da qualidade da internet no Brasil. Tanto nas redes móveis quanto nas fixas, as empresas serão obrigadas a entregar o mínimo de 20% da velocidade contratada e 60% na média mensal. Nos dois anos subsequentes, a exigência aumentará para 30% e 40%, na medição instantânea, e 70% e 80%, na média do mês.
No caso do serviço fixo, a empresas avaliadas pela Anatel são: Oi, Net, Telefônica/Vivo, Telefônica Data, Ajato, GVT, CTBC, Embratel e Sercomtel.
O vice-presidente da agência reguladora, Jarbas Valente, disse que os primeiros resultados da aferição da qualidade da conexão fixa de internet serão divulgados em dezembro. Esse trabalho será feito pela empresa contratada pela agência para medir a velocidade, instantânea e média mensal, através dos aparelhos que serão instalados nas casas dos assinantes.
“Teremos um conjunto de usuários que será escolhido e substituído em 25% a cada ano. O objetivo é que, no prazo de quatro anos, esses usuários sejam trocados integralmente”, afirmou o vice-presidente da Anatel. O resultado dessa medição será divulgado pelo próprio órgão regulador.
Jarbas Valente lembrou que o Brasil dispõe atualmente de 20 milhões de assinantes de acesso à internet.


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Enquanto isso................











Edição do dia 18/07/2012

18/07/2012 20h58 - Atualizado em 18/07/2012 21h56


Claro, TIM e Oi são proibidas de vender novas linhas devido a queixas

TIM foi vetada em 18 estados e no DF. Oi ficará suspensa em 5 e Claro em 3. Decisão entra em vigor na próxima segunda- feira (23). Em 30 dias, empresas terão que apresentar plano de melhoria nos serviços.

Claudia BomtempoBrasília

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) suspendeu a venda de chips para celular da TIM, da Oi, e da Claro por causa de reclamações dos consumidores. Em cada estado brasileiro, a operadora com o pior desempenho vai ser impedida de vender linhas novas.
As reclamações cresceram tanto no último ano que a Anatel resolveu punir a pior operadora em cada estado.
A TIM não vai poder vender novas linhas em 18 estados e no Distrito Federal. A Oi ficará suspensa em cinco e a Claro, em três estados. TIM, Oi e Claro, juntas, têm 70% do mercado da telefonia móvel, que hoje passa dos 250 milhões de linhas.
Na segunda-feira (23), o Procon de Porto Alegre já havia suspendido a venda de novas linhas telefônicas pelas quatro operadoras que atuam na cidade.
A decisão da Anatel entra em vigor na próxima segunda-feira e vai valer por 30 dias. Neste prazo, as empresas terão de apresentar um plano para melhorar a qualidade do serviço oferecido ao consumidor e só poderão voltar a vender depois que a proposta for aprovada pela Anatel.
“Fizemos estudos, levantamentos para também não haver punições que não correspondam à realidade. O que precisa ser resolvido é que o aumento correspondente ao número de clientes precisa corresponder também à qualidade”, afirmou o presidente da Anatel João Rezende.
Em nota, o Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviço Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil) disse que foi surpreendido com a medida. Que a Anatel se baseou em queixas que não revelam as reais condições das redes e que a principal barreira está na dificuldade de expansão, especialmente das antenas de celular, por causa de diferentes leis municipais.
Para o sindicato, a suspensão das vendas só traz prejuízos para a população e não resolve os eventuais problemas de qualidade dos sinais de telefonia móvel.
“Nós temos aproximadamente 250 leis que restringem a nossa implantação de antenas e torres. É exatamente este o ponto que nos dificulta principalmente na necessidade imperiosa de ampliação de antenas para dar um serviço com a qualidade que a população merece”, diz o diretor-executivo do Sinditelebrasil, Eduardo Levy.
TIM considerou a medida extrema e desproporcional. Afirmou que tem melhorado seu desempenho e que a decisão afetará a competição no setor em benefício de algumas concorrentes. A TIM declarou ainda que tomará as medidas necessárias para restabelecer a normalidade de suas atividades.
Oi declarou que a suspensão não reflete os investimentos para melhorar a rede, que serão de R$ 6 bilhões em 2012. A empresa alegou ainda que, na região Norte, encontra dificuldades devido a rompimentos de cabos, quedas de energia, vandalismo e roubos.
A Claro declarou que a decisão da Anatel está relacionada a problemas pontuais em Santa CatarinaSão Paulo e Sergipe, estados onde houve ações de melhoria que, segundo a empresa, já apresentam resultados
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Por Caroline Hecke
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17/12/1997 00:00

O mundo encolheu

Com o avanço das telecomunicações, tudo ficou perto de tudo. Para os negócios, trata-se de uma revolução

Helio Gurovitz, de 
O milênio está acabando. Volta e meia alguém decreta o fim ou a morte de alguma coisa. No título de livros, já mataram a história, o emprego, a religião, antropologia, literatura, liberdade, riqueza, elite, ideologia, concorrência, ciência, economia, inocência, Deus e - ufa! - até os amigos. Agora prepare-se para mais uma morte: a da distância. Por que levar a sério desta vez? Bem. Há vários motivos. Com o avanço das telecomunicações, o local onde estão indivíduos, governos ou empresas torna-se irrelevante. Lugares antes afastados ficam mais próximos e começam a interagir. A queda da Bolsa de Hong Kong afeta o preço da gasolina no Amapá. Plantadores de aspargos em cantos remotos das Filipinas usam a Internet para acompanhar o preço da colheita em Tóquio. Alpinistas avisam por celular que chegaram ao topo do monte Whitney, Califórnia, a 4 400 metros de altitude. Médicos embrenhados em São Gabriel da Cachoeira, na fronteira do Brasil com a Colômbia, enviam exames por fax e obtêm de especialistas em São Paulo diagnósticos e instruções precisas para cirurgias. Até de Marte, a sonda Mars Pathfinder, da Nasa, envia imagens para todos os cantos da Terra via Internet. O que esses exemplos mostram? Que, de Marte à Amazônia, das Filipinas ao Amapá, está mais fácil se comunicar com qualquer um, a qualquer hora, em qualquer lugar. Isso faz da globa-lização muito mais que um lugar-comum.
E inaugura uma era em que as distâncias não estão apenas ficando menores: estão desaparecendo. Tudo está virtualmente perto de tudo.
O principal motor da integração global é a redução no preço das comunicações, fruto da tecnologia. "A distância já não custa nada", disse a EXAME Serge Tchuruk, presidente mundial do grupo Alcatel-Alsthom. "Ligar de São Paulo para Paris ou Sydney será tão barato quanto telefonar ao vizinho." Mal começamos a conceber o real impacto disso no dia-a-dia de pessoas, empresas ou países. "É como se estivéssemos diante do automóvel em 1910. Ainda não existem as auto-estradas, mas já podemos imaginá-las", diz a jornalista britânica Frances Cairncross, editora sênior da revista The Economist. É exatamente isso que ela tenta fazer em seu livro The Death of Distance (A Morte da Distância), recém-lançado nos Estados Unidos e no Reino Unido. O fim da distância deverá, de acordo com Cairncross, alterar de forma radical as relações humanas, o ambiente de trabalho e o mundo dos negócios. Acabará por criar um novo tipo de empresa e, por tabela, de executivo. Menos preso a um local de trabalho. Mais virtual. Mais global. "As idéias não conhecem limites geográficos. Precisamos nos sentir tão à vontade no Brasil quanto no Kansas, em Tóquio ou em Jacarta. É um novo modo de pensar, e não é fácil aprender a pensar assim", diz o presiden-te mundial da Lucent Technologies, Henry Schacht.
Um bom exemplo do novo tipo de executivo que passa pelas mentes de Schacht e Cairncross é o americano Ron Swift, vice-presidente de marketing da NCR, multinacional do setor de informática. Do início de janeiro até o dia 15 de dezembro deste ano, Swift terá passado um total de 12 dias no seu escritório em San Diego, Califórnia. A agenda dele para 1997 inclui visitas a 50 cidades diferentes, locais tão diversos quanto Istambul, Kuala Lumpur, Varsóvia, Toronto ou São Paulo. "O correio eletrônico consome grande parte do meu tempo. Toda noite, pelo menos uma hora em quartos de hotel. O correio de voz me ocupa por outra hora. Acabo tendo um estilo de vida tecnológico", diz Swift.
Além de um computador portátil com informações sobre os clientes, notícias internacionais e dados financeiros, Swift usa um computador de mão para guardar telefones e mensagens de correio eletrônico. Quase toda a comunicação com o chefe e subordinados é virtual, por e-mail ou telefone. Também por telefone, ele costuma carregar dados atualizados dos computadores centrais da NCR. Com a confiança que desenvolveu no fluxo de informação e nos demais escalões da empresa, Swift tem liberdade para estar com quem interessa: "Os clientes sempre estão em primeiro lugar. Tentamos visitá-los periodicamente".
Mas estar onde é necessário é pouco. Também é preciso agir no momento exato, com agilidade. Essa é a maior exigência que o fim da distância vai impor ao executivo. Veja o caso do colombiano Orlando Ayala, vice-presidente sênior da Microsoft, que passa 70% do tempo longe de Redmond, onde fica a sede da empresa. Em Cingapura, clientes pediram-lhe que fizesse uma apresentação sobre como a Microsoft usa sua própria tecnologia. Ele não tinha a menor idéia do que dizer. Eis o que aconteceu, em suas próprias palavras: "Fui para o quarto do hotel e entrei no banco de dados da empresa. Fiz uma busca e encontrei prontinha uma apresentação de Bill Gates justamente sobre como a Microsoft usa sua própria tecnologia. Pedi um sanduíche e comecei a ler o texto. Também consegui carregar todos os slides da apresentação. No dia seguinte, eu parecia muito inteligente".
EXECUTIVO VIRTUAL - Quer dizer: guardar informação deixou de ser vital. O importante é saber onde e como achá-la. "Qualquer coisa que eu não tenha, consigo puxar da rede", afirma Rick Morin, diretor de comunicações pessoais da EDS, multinacional de serviços tecnológicos. Morin é outro executivo virtual. Seu escritório é um lap-top IBM onde cabem um bilhão de bytes de informação. Ele usa a máquina até para escutar o último CD dos Rolling Stones, Bridges to Babylon, ou para pedir ingressos para o show do U-2 em São Paulo. Morin não carrega nem uma folha de papel. Em vez disso, anda com 14 tipos diferentes de tomada telefônica e 6 tipos de cabos de conexão, para ter certeza de nunca estar desplugado, em nenhum dos 35 países onde costuma trabalhar. "Se você quer ter certeza de que eu vou ler alguma coisa, envie para mim eletronicamente", diz ele. Sim. Porque faltou dizer uma coisa: Rick Morin é cego. Pelo menos de acordo com as leis do estado de Massachusetts, onde ele mora.
Na verdade, Morin tem uma atrofia no nervo óptico que prejudica a conexão entre os olhos e o cérebro. Resultado: 24% de visão no olho esquerdo e 22% no direito, além de uma catarata. Ele mal consegue ver o rosto enquanto faz a barba. Graças a um software que amplia a tela do micro uns 200%, Morin consegue ler os caracteres. Quando está sozinho, costuma usar um programa que lê em voz alta textos escritos. Outro recurso, essencial a um executivo virtual, é um programa que lhe permite transferir dados dos computadores da EDS no mundo todo a uma velocidade mais rápida do que a linha telefônica comum permitiria. Em apenas 20 segundos, Morin traz de Boston para São Paulo um arquivo de computador com aproximadamente um milhão de bytes. Em termos de informação, isso equivale a um livro de 700 páginas, ao som de 15 palavras lidas em voz alta ou a três segundos de vídeo em alta resolução de imagem.
Parece pouco? Então pare um momento para refletir.
O historiador americano Robert Darnton conta no livro O Beijo de Lamourette que, em 16 de agosto de 1770, o livreiro Isaac-Pierre Rigaud, de Montpellier, na França, encomendou de uma editora de Neuchâtel, na Suíça, 30 exemplares de uma edição pirata em nove volumes das Questions sur l Encyclopédie (Questões sobre a Enciclopédia), que o filósofo francês Voltaire estava escrevendo em Genebra. As primeiras páginas - na época os livros não eram entregues encadernados - saíram de Neuchâtel em 9 de dezembro de 1771. Mas elas só começaram a chegar a Montpellier em março do ano seguinte, pois tinham de atravessar uma rota que passava por Genebra, Turim e Nice. O trajeto era tortuoso para evitar a alfândega francesa, e o contrabando envolvia agentes de expedição, bateleiros, carroceiros, encarregados de entrepostos, capitães de navios e portuários. Os últimos volumes só chegaram em 19 de junho de 1772, quase dois anos depois da encomenda.
DE VOLTA AO FUTURO - Retorne agora ao século XX. Para elaborar este artigo, a reportagem de EXAME adquiriu da União Internacional de Telecomunicações (UIT), que por sinal tem sede em Genebra, um relatório de 112 páginas sobre o impacto da Internet sobre as - adivinhe? - telecomunicações. A compra foi feita pela própria Internet. Um conversor on-line de moedas informou que os 100 francos suíços cobrados pela UIT equivaliam, de acordo com a cotação daquele dia, a aproximadamente 76 reais (a conversão foi feita para real mesmo). Fornecido um número de cartão de crédito, foram transmitidos pela Internet aproximadamente um milhão de bytes em texto e gráficos. Em menos de 10 minutos, o relatório que veio de Genebra estava sendo impresso em São Paulo, sem a intermediação de um único ser humano. Como as páginas entregues a Rigaud no século XVIII, só faltava encadernar.
Algo mudou, não?
A Internet é vista como o maior atalho do planeta, capaz de encurtar distâncias e cortar custos. Eis o que diz o relatório da UIT: enviar pelo correio um documento de 42 páginas de Tóquio a Nova York custa 7,4 dólares e leva 5 dias; transmitir o mesmo documento por fax leva 31 minutos e custa 28,83 dólares; usando o correio eletrônico, a transmissão não leva 2 minutos. O preço? Nem 10 centavos de dólar. Tudo isso é muito bonito, mas também é preciso colocar a Internet no devido lugar. Ela ainda é um meio de penetração restrita. No mundo todo há 750 milhões de linhas telefônicas, 135 milhões de celulares, 245 milhões de PCs e apenas 60 milhões de usuários da Internet. Estima-se que no início do milênio esses usuários já serão 300 milhões. Mas este ano o crescimento global da rede caiu dos históricos 100% anuais para 70%. Sim, ainda é muito em comparação com a média de crescimento das linhas telefônicas nos últimos 10 anos, na casa dos 6%. Mas há um dado decisivo: a renda somada de todos os provedores de acesso à Internet foi de 5 bilhões de dólares em 1996, enquanto o faturamento das operadoras telefônicas beira os 700 bilhões.
É, portanto, a abundância de linhas telefônicas que está derrubando o preço das comunicações e encurtando distâncias. Dizer isso no Brasil pode parecer estranho. Só em São Paulo há uns 2 milhões de pessoas à espera de telefone. No mercado negro, uma linha é em média cotada a 2 000 reais, enquanto nos Estados Unidos uma linha fixa é instalada por menos de 100 dólares, e celulares são vendidos ao preço simbólico de 1 dólar. Linha e aparelho. De acordo com a empresa de pesquisas Gartner Group, custos associados às telecomunicações serão o maior inibidor da competitividade da América Latina até 2002. No resto do Terceiro Mundo, a situação não é muito melhor: há oficialmente 43,4 milhões de seres humanos na fila do telefone. Na África, por exemplo, há menos telefones que em Tóquio.
ABUNDÂNCIA - Só que é preciso pôr tudo isso em perspectiva. Em 1956, quando o primeiro cabo telefônico comercial foi colocado sob o Atlântico, só havia capacidade para 89 conversas simultâneas entre toda a Europa e a América. Já o primeiro cabo transatlântico de fibra óptica, instalado em 1988, tinha capacidade para 40 000 ligações simultâneas. Hoje, os cabos transatlânticos são capazes de transmitir mais de 1,3 milhão de chamadas ao mesmo tempo, e os satélites, quase 750 000. Detalhe: apenas 35% dessa capacidade é usada. Tal abundância vai fatalmente acabar reduzindo a pó o preço das chamadas internacionais. Nas primeiras comunicações telefônicas entre Londres e Nova York, três minutos custavam 250 dólares, a preços atuais. Hoje, cada minuto sai por menos de 1 dólar para o consumidor. Para a empresa que completa a ligação, o minuto de ligação internacional custa na média 25 centavos de dólar. Quase tudo isso é custo operacional. Levando em conta só a instalação tecnológica, o mesmo minuto de conversa transatlântica acaba custando menos de um centésimo de centavo de dólar, se transmitido por fibra óptica, ou - creia - três milésimos de centavo, se via satélite.
Dá para acreditar agora que o mundo está ficando pequeno e vai ficar ainda menor? Pois bem. Para entender como isso transforma a vida de empresas e bancos, vamos fazer mais um flash-back.
Na manhã de 20 de junho de 1815, o banqueiro inglês Nathan Rothschild entrou de surpresa na Bolsa de Valores de Londres e comprou uma grande quantidade de títulos do governo britânico. Por quê? Graças a uma rede de informantes excepcional, ele ficou sabendo em menos de dois dias - velocidade assustadora para a época - que Wellington havia derrotado Napoleão na batalha de Waterloo. Obteve a informação antes do próprio governo, portanto tinha certeza de que os papéis ficariam valorizados. Essa história mostra como a informação certa na hora certa pode ser decisiva nos negócios e já faz parte do folclore do mundo financeiro. Na década de 60, o então chairman do Citibank, Walter Wriston, às vezes esperava um dia todo para conseguir uma linha entre Nova York e Londres e saber das notícias frescas. Quando conseguia, era comum deixar um funcionário lendo jornais ao lado do telefone, só para manter a linha ocupada em caso de necessidade.
QUEDA DAS BOLSAS - Mesmo em 1987, quando houve a crise das bolsas, era preciso ter acesso a serviços de informação especializados para acompanhar de perto a evolução do mercado. "Eu ficava ao lado do teletipo da Reuters, esperando as últimas notícias", disse André Jakurski, sócio sênior e responsável pela área internacional do banco Pactual, a José Fucs, de EXAME. Jakurski gerencia um dos primeiros fundos de investimento brasileiro que compram papéis em qualquer país do mundo. Veja como mudou a situação dele na recente queda das bolsas no mundo todo: "Agora, de qualquer lugar do mundo, posso ter acesso instantâneo às informações básicas necessárias para atender um cliente global".
Bancos globais têm hoje redes próprias de comunicação. "De qualquer um dos 78 países onde estamos presentes, clientes corporativos podem acessar qualquer serviço", diz Chris Bretwyn, diretor de tecnologia da informação do HSBC Bamerindus. "Onde as leis permitem, podemos até trocar informações sobre os clientes." O Citibank também mudou muito desde os tempos de Walter Wriston. Presente em 100 países, o banco se aproveita das diferenças de fuso horário e envia programas de computador do Brasil para rodar em máquinas em Nevada, nos Estados Unidos (quatro horas atrás), ou em Cingapura (12 horas adiante). Os programas podem ser feitos em um lugar só e depois transferidos. Exemplo: o centro de produção de sistemas de home banking para Argentina, Venezuela, Chile e Japão fica no Brasil. "Não importa mais onde está a informação", diz João Carlos Malhado, diretor executivo de tecnologia e operações do Citibank. Mas não é só isso. Um cliente do Citi pode sacar dinheiro e movimentar sua conta em qualquer lugar do mundo. Assim que põe o cartão no caixa eletrônico, a máquina reconhece o país de origem e se comunica na língua dele. O caixa do Citi fala 14 idiomas.
É esse tipo de coisa que torna possível a mobilidade dos executivos de qualquer empresa. "Eles passarão cada vez menos tempo no escritório", diz Frances Cairncross. Por enquanto, esse movimento é maior no setor financeiro ou nas empresas que estão de alguma forma ligadas à tecnologia. Os 5 000 consultores da empresa alemã de software SAP já habitam um mundo virtual. Dos 220 dias que trabalham por ano, passam em média 160 fora da empresa, prestando serviços aos clientes. No Brasil, 31 dos 85 clientes têm conexão direta com os computadores da SAP. Em outubro, 61% dos 560 pedidos de ajuda na implantação do software da empresa vieram pela conexão eletrônica. "A consultoria remota custa menos da metade do que passagens aéreas e hospedagem", diz Augusto Pinto, presidente da SAP Brasil. Em São Paulo, a empresa acaba de inaugurar um escritório de 4 000 metros quadrados onde as mesas não têm dono. Quem chega primeiro toma o lugar disponível. Armários não têm chaves. O consultor pode usá-lo apenas enquanto estiver na mesa. Ele chega, pluga o notebook na rede e desvia seu ramal para o telefone. Se estiver no escritório, com um cliente ou em casa, o resultado do trabalho será idêntico.
Outras empresas tendem a ficar parecidas com a SAP. "As corporações ficarão menores, mais fragmentadas", diz Cairncross. Cada companhia deve se especializar em sua competência e usar a rede de comunicação para atingir mercados distantes ou contratar serviços de terceiros em qualquer lugar do planeta. "Estamos mil vezes mais próximos. Isso torna possível vender para todo o mundo e comprar de todo o mundo", disse a EXAME Michael Dertouzos, diretor do laboratório de ciência da computação do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). "Vai ser possível montar uma multinacional com um único empregado." O recado é claro: mercados estão em toda a parte; você só pode estar em um lugar. Nas palavras de Wilson Otero, diretor-superintendente da AT&T no Brasil: "Quem quiser atender ao mercado global vai ter de estar na rua".
Quer dizer que a sede física das empresas se tornou irrelevante? Que elas não terão mais endereço físico? Em termos. As pessoas ainda precisam se ver pessoalmente. "A distância só é possível simular emoções essenciais como amor, medo ou confiança. Não sabemos por que, mas a presença física é necessária. São forças das cavernas", diz Dertouzos. O próprio MIT cancelou recentemente um programa de educação 100% a distância. Agora exige-se a presença física dos alunos em algumas reuniões. Rick Morin, da EDS, conta um caso curioso. Ele tinha discussões violentas por telefone com um executivo alemão da empresa que não conhecia pessoalmente. Quando se conheceram, houve uma empatia imediata e os dois se tornaram amigos. Nunca mais brigaram.
PAPEL NO LIXO - Se a necessidade de contato pessoal vai obrigar empresas a manter suas sedes físicas, o exemplo da SAP também mostra que elas diminuirão de tamanho e terão outra função. A Andersen Consulting, por exemplo, decidiu fechar espaçosas instalações em Boston e mudar para um local menor. De acordo com Cairncross, parece mais um hotel que um escritório. Os sócios têm salas virtuais, que arrumam apenas quando recebem visita. Na mudança, 120 toneladas de papel foram jogadas fora. Na Microsoft, Bill Gates também está há seis meses obcecado com a redução da papelada ao mínimo. "É impressionante o que já conseguimos", afirma Orlando Ayala. "Eliminamos 95% dos formulários. A maioria foi transferida para a Web." De acordo com Ayala, a Microsoft vai comprar este ano 2 bilhões de dólares de mercadorias eletronicamente, sem papelada alguma.
Isso é possível porque tanto Microsoft quanto Andersen trabalham acima de tudo com informação. Elas concentraram sua inteligência em bases de dados eletrônicas, que podem ser usadas de qualquer lugar. Na Andersen, a base de informações se chama knowledge exchange, ou bolsa de troca de conhecimento. Toda a sabedoria fica armazenada lá. Cada consultor tem, a partir do computador, acesso a grupos mundiais de discussão sobre praticamente tudo. "Você pode fazer propostas aos clientes com base na experiência de outros países e se sente realmente parte de uma equipe global", afirma um consultor da Andersen de São Paulo. Certa vez, ele recebeu uma mensagem de Nova York com perguntas sobre a legislação farmacêutica brasileira. Não tinha idéia das respostas, mas conseguiu orientar a pessoa em dúvida para um consultor especializado. Em pouco tempo, não havia mais dúvida. Foi irrelevante conhecer a resposta para a pergunta. Bastou saber onde achá-la.
Eis onde o fim da distância tem o maior impacto: no fluxo de informação - dentro e fora das empresas. "A vida do executivo é obter informação e decidir", diz Marco Antonio Marques de Souza, diretor de desenvolvimento organizacional da Antactica. "Se agilizo a tomada de informação, aumento a produtividade dele." Por isso, Souza está seguindo os passos da Andersen e centralizando em uma intranet dados antes dispersos pelos 29 pontos geográficos onde a Antarctica está instalada. Na rede de comunicação, serão investidos 15 milhões de dólares ao longo de cinco anos. Parte do conteúdo da rede deverá ser estendido a fornecedores e consumidores, formando o que se convencionou chamar de extranet. Quando tudo estiver funcionando a pleno vapor, todos na empresa terão acesso à melhor forma de negociar com clientes, revendedores poderão informar automaticamente níveis de estoque para reposição ou os próprios comerciantes farão encomendas à fábrica. "Antigamente a gente podia se dar ao luxo de esperar três meses para decidir", diz Souza. "Não dá mais. Será preciso reagir em meia hora."
MAIOR AUTONOMIA - O fluxo ágil de informações também vai lubrificar a estrutura interna das empresas. "A informação vai descer por todos os tentáculos até os baixos escalões", diz Dertouzos, do MIT. Para quem está em cima, vai ficar mais difícil usar informação como fonte de poder. Quem está embaixo será muito mais autônomo e poderá, dentro de políticas estabelecidas, tomar decisões sem consultar chefes. Mas isso tem uma contrapartida: a responsabilidade. "Não haverá desculpa para alegar desconhecimento. Quase tudo será um livro aberto na intranet da empresa", diz Roberto Gregori, diretor-geral da Lucent brasileira. Na velocidade em que as decisões terão de ser tomadas, será impossível esperar que todos saibam de tudo. Quem melhor descreveu a posição do novo executivo em relação aos subordinados é Jan Baan, fundador e presidente mundial da Baan, empresa holandesa de software: "Sempre digo que não tenho tempo para tudo. Peço que tomem decisões. Melhor que me peçam desculpas depois do que permissão antes".
O que o holandês Baan já está sentindo é uma sobrecarga de informações jamais vista. Isso não é novidade. Logo depois da invenção da imprensa, a humanidade viveu uma sensação semelhante. Na Amsterdã do início do século XVI, um dos dois grandes centros de publicação europeus (o outro era Veneza), saíam pouco mais de 200 livros novos por ano. Se não fizessem outra coisa, os ancestrais de Baan poderiam ler tudo o que era publicado em seu tempo. "Foi a última vez na história em que isso era possível", disse a EXAME o historiador britânico Peter Burke, da Universidade de Cambridge, no Reino Unido. "Só na Inglaterra saem 40 000 livros novos todo ano." Para não falar nos mais de 300 milhões de sites da Web. Nunca é demais lembrar: foi a inundação de informação e idéias que a imprensa despejou em cidades como Veneza e Amsterdã depois do Renascimento que gerou o ambiente cultural propício à expansão e pujança do capitalismo.
PERDA DE PODER - A abundância de informações também tem conseqüências políticas. Veja o que diz Cairncross: "A informação é o melhor antídoto contra governos tirânicos". O fenômeno de perda de poder que ocorrerá nos escalões mais altos das empresas, diz ela, acabará se repetindo com o estado. Mesmo na China, onde o governo tenta filtrar tudo o que flui Internet adentro, seria preciso bloquear todas as ligações telefônicas internacionais para impedir os habitantes de se conectar a algum provedor de acesso estrangeiro. Algum governante no planeta Terra faria isso?
"Noções como centro e periferia também perdem o sentido", diz Flavio Grynszpan, vice-presidente e diretor estratégico da Motorola para a América Latina. Indício disso é esta reportagem, para a qual foram ouvidos presidentes de multinacionais e pesquisadores em vários países. Há cinco anos, sem a Internet, o acesso a essas fontes de informação teria sido muito mais difícil. Cairncross também imagina que, à medida que nações se aproximam e se conhecem melhor, as guerras serão mais raras. Essa idéia pode parecer pueril ou utópica, mas não é totalmente descabida.
Estamos então caminhando rumo ao paraíso na Terra? Nada disso. O preço a pagar pelo fim da distância é caro. Perde-se algo precioso: privacidade. Já no início do século XVII, diz Peter Burke, nobres processaram por invasão de privacidade a editora que incluiu seus endereços no primeiro guia de Paris, o Livre Commode des Adresses. Hoje, governos, bancos, empresas de cartão de crédito, hospitais e telefônicas têm condição de saber muito mais que seu nome e endereço. Conhecem sua idade, profissão, hábitos de consumo, gostos pessoais, preferência sexual e fontes de renda. Provavelmente, sabem mais sobre você do que você mesmo. A vida digital deixa rastros que podem ser farejados e seguidos sem muita dificuldade por gente com boas ou más intenções. Outro problema: será possível ser achado a qualquer hora. Se o celular e a Internet estão acessíveis em qualquer ponto da Terra, fica muito tênue a fronteira entre trabalho e lazer, vida profissional e pessoal, escritório e casa. Será preciso saber se desplugar. Uma saleta fechada num bunker subterrâneo talvez não seja uma idéia de todo má.

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