quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Etanol de quarta dimensão




O etanol de quarta dimensão


A ao adotarmos a quarta dimensão na produção de etanol - em tempo integral - deixando de lado a entressafra de dezembro a janeiro, através de usinas commodity & fuel flex full time, o que demanda um maior volume de fertilizante nitrogenado, promovemos uma grande sinergia entre a indústria de fertilizantes, óleo & gás e bioenergia, rompendo o preconceito da 'sustentabilidade' ao diversificarmos o mix de entrada e saida dos processos em um pólo industrial bioenergético, rompendo e ampliando os limites setoriais, rentabilidade e valorização dos ativos.

O Brasil é um grande produtor de gás natural, que é o principal insumo para a produção de fertilizantes nitrogenados fundamental para suprir uma demanda crescente para sustentar a vantagem competitiva do agronegócio em grande e pequena escala.

Este cenário exige uma reavaliação da cadeia de valor sucroenergética no tocante a qualidade/durabilidade/vida util dos componentes e uma transição de "Gerenciamento de Grandes Paradas" uma vez que investimentos (capex) e operações (opex) se tornaram escalares em plantas padrões de nova geração (6 milhões/ton/safra), que exigem investimentos bilionarios na sua implantação e operação, portanto, incompatível com o periodo de paradas na entressfra, retirando competitividade do setor, o que exige uma mudança para manutenção preditiva, portanto, preventiva com foco em parada zero, a partir do uso de insumos flex que permite flexibilidade nas respostas as demandas do mercado, que começa pela operação full time.

Objetivos

Essa nova realidade será gestada em protótipos virtuais incluindo o balanceamento energético seguido de implementação de pólos industriais.


Resultados

O Gas Natural mitiga os riscos operacional e financeiro da produção de etanol com o emprego de caldeiras fuel flex(pellets/briquetes/GN) ao mesmo tempo que entra como insumo na produção de excedentes de energia (elétrica, pellets/briques) e fertilizantes ampliando o mix na entrada e saida de processos permitindo flexibilidade estratégica para responder ao mercado dinânico cuja unica vantagem competitiva do etanol, hoje, é a paridade de preços. Isso obriga o setor a desenvolver novas e multiplas vantagens competitivas sustentaveis de longo prazo.

Todas estas nuances são requisitos para simulação de processos que permitem, dinamicamente, avaliar os diversos cenários do mercado, ferramenta para tomada de decisão estratégica em tempo real nas fases Capex, mas principalmente Opex, onde está o ROI.



Em busca das dimensões ocultas

Rafael Garcia
Ilustrações: Ezê

Bom, isso tudo é muito poético, mas se uma quarta dimensão espacial existe mesmo, onde ela está?
Muitas histórias de ficção já tentaram responder à idéia, mas a mais original talvez ainda seja a criada pelo escritor britânico Edwin Abbott, no século 19. Em seu romance "Planolândia", ele descreve um mundo bidimensional cujos habitantes são incapazes de imaginar um universo 3-D como o nosso. Fica implícita no livro a idéia de que nossas dimensões são apenas uma fatia de um espaço mais rico, e as dimensões extras poderiam até explicar fenômenos sobrenaturais como objetos que desaparecem.
As dimensões extras previstas por teorias da física, porém, nada têm a ver com paranormalidade. O objetivo é entender por que as coisas se comportam da maneira como observamos, e objetos não costumam desaparecer sem explicação aqui neste mundo.
As cordas e a teoria M na verdade surgiram como uma tentativa de resolver um problema que atormenta os físicos há 80 anos: a teoria que explica o macrocosmo (planetas, estrelas etc.) não se encaixa na teoria que explica o microcosmo (átomos, elétrons e partículas elementares). Isso é claramente uma falha, pois macro e micro são duas escalas de um universo só, que deveria poder ser explicado pelas mesmas leis físicas básicas.
Macro x Micro
A teoria que explica a gravidade e a dança dos corpos celestes no macrocosmo é a Relatividade Geral, criada por Albert Einstein em 1915. Einstein não acreditava em dimensões extras, mas foi ele a primeira pessoa a mostrar que o espaço em que vivemos não é apenas um lugar onde acontecem as coisas. Assim como a matéria, o espaço também pode ter curvas e formas. O que nós entendemos por gravidade, na verdade, são curvaturas no espaço e no tempo.
A teoria que explica o microcosmo, por sua vez, é a Mecânica Quântica, elaborada por diversos físicos no início do século 20. Uma de suas leis testadas e aprovadas é a de que as partículas não têm um ponto ou um lugar determinado no espaço, a não ser quando as detectamos. Usando uma metáfora: as partículas existem apenas na forma de uma nuvem difusa sem um centro determinado, até que promovemos sua interação com outras partículas. E o pior: no mundo microscópico a gravidade não parece exercer um papel tão importante quanto as outras forças, como a eletromagnética.
A relação que elétrons têm com o espaço parece ser bem diferente da relação que os planetas têm, e isso deixava Einstein inconformado. O gênio passou as últimas décadas da vida tentando achar uma teoria melhor do que a Mecânica Quântica para explicar as bizarrices do mundo microscópico, mas não conseguiu.
Foi nesse contexto que surgiu a idéia que culminou nas cordas (na época ainda não eram supercordas). Em 1970, o físico Yoichiro Nambu, da Universidade de Chicago, procurava solução para algumas equações quando se deu conta de que partículas podiam ser matematicamente interpretadas como objetos de uma dimensão (cordas) e não pontos. Essa solução, porém, forçava-o a adotar uma abordagem radical: um espaço+tempo de 26 dimensões, que depois de algumas mudanças foi reduzido para 10.
Nessa perspectiva, o que detectamos como partículas fundamentais diferentes (elétrons, fótons etc.) seriam na verdade modos de vibração diferentes de uma mesma corda. De certa forma é como uma corda de violão que emite diversos harmônicos (notas).
O épico das múltiplas dimensões
Há 120 anos, o escritor e matemático inglês Edward Abbott publicou o romance 'Planolândia' ('Flatland'), uma história passada num universo bidimensional. O livro causou rebuliço na época, pois sua primeira parte era um manifesto contra o conservadorismo da sociedade vitoriana. A segunda parte da obra, porém, deixava a crítica social de lado e antecipava a idéia de que nosso universo de três dimensões pode ser apenas um 'plano tridimensional' num espaço de múltiplas dimensões.

Em Planolândia, todos os habitantes eram figuras achatadas, como triângulos, quadrados, pentágonos etc. Quanto mais alta a classe social, mais lados tinha o polígono.
O protagonista quadrado e outros planolandeses eram totalmente alheios a tudo que se passava fora de espaço bidimensional. Sequer eram capazes de imaginar um espaço além de seu plano.
As coisas começam a ficar estranhas para o protagonista quando ele se depara com um círculo que cresce e diminui freneticamente, e às vezes some sem explicação.
O círculo acaba se revelando na verdade uma esfera habitante de 'Espaçolândia' (o mundo tridimensional), que estava atravessando o espaço bidimensional de planolândia.
Durante um passeio em nosso mundo tridimensional, quadrado conhece um cubo e começa a questionar: se Planolândia era incapaz de ver a terceira dimensão, será que os habitantes de Espaçolândia também não seriam cegos para uma quarta dimensão?
No livro, Abbott descreve em palavras como seria um cubo de quatro dimensões. Hoje esse objeto recebe o nome de hipercubo. Assim como podemos imaginar a projeção de um cubo num espaço de duas dimensões, podemos imaginar a projeção de um hipercubo no espaço tridimensional.
Fonte: 'Planolândia', Edwin Abbott. Conrad, 2002



PREFÁCIO À EDIÇÃO BRASILEIRA
OS MUITOS LADOS DO PRECONCEITO
Prefácio

Finalmente. Há mais de um século Planolândia deveria estar na prateleira dos leitores
brasileiros, mas por distração (ou desleixo) dos editores brasileiros não havia nenhuma edição disponível no mercado nacional. O atraso, resolvido com esta edição, só não comprometeu a atualidade do texto, escrito pelo clérigo inglês Edwin Abbott em 1884.
Protegido da crítica, em sua primeira edição, pelo pseudônimo de "A. Square” 1, Abbott
satiriza os preconceitos da sociedade inglesa vitoriana criando um mundo de duas dimensões.
Na obra, seu alter ego e narrador, "O Quadrado", mostra um mundo em que as pessoas são
figuras geométricas (triângulos, quadrados, pentágonos, hexágonos etc.) e a classe social à qual pertencem é proporcional ao número de lados que elas têm e à perfeição de suas formas.
Qualquer irregularidade (deficiência física) é uma desgraça punida com a morte ou com a
internação em um hospital que tentará consertar o desvio. Qualquer casamento entre figuras
geométricas (classes sociais) diferentes é visto com desconfiança, senão com tristeza, por parte das figuras (classes) com maior número de lados. As mulheres não têm nenhum lado, são somente uma linha e são obrigadas a entoar um canto de paz quando se deslocam pelo mundo.
Uma regra que, se des obedecida, leva à execução sumária. Afinal, na perspectiva de um mundo plano, a única coisa que se vê são os lados dos triângulos, quadrados etc. Mulheres, que não têm lados, são somente um ponto e ficam quase invisíveis em Planolândia. O contato físico de uma delas com o lado de um ser mais elevado pode furá-lo, matando-o.
Mas "O Quadrado" teve a oportunidade de ir além do preconceito contra mulheres e
portadores de deficiência física e foi apresentado ao mundo das três dimensões. Ficou tão
fascinado que aventou a possibilidade da existência de uma quarta, quinta, sexta dimensões.
Nada e tudo a ver com a Teoria da Relatividade Especial de Albert Einstein. Nada porque Abbottescreveu seu romance quando Einstein ainda usava calças curtas e não pensava em fórmulas.
Tudo porque Einstein descobriu a quarta dimensão e chamou-a de tempo. Hoje os físicos
acreditam que o mundo tem algo em torno de dez dimensões de espaço e uma de tempo, mas que só vemos três delas (altura, comprimento e profundidade). As outras dimensões espaciais são invisíveis de tão pequenas. A existência dessas onze dimensões faz parte da chamada teoria das supercordas, que diz, entre outras coisas, que o mundo não é feito de partículas puntuais, mas de pequeníssimas cordas que, conforme vibram de diferentes formas no espaço, criam elétrons, quarks, fótons e todas as outras partículas que conhecemos.
Abbott mirou em um elefante e acertou, sem querer, na mosca quanto à analogia e à
sátira. O reconhecimento de seu talento literário foi imediato. Planolândia foi um sucesso
instantâneo na Inglaterra, teve uma segunda edição no mesmo ano (1884) de seu lançamento e um prefácio escrito por Abbott em nome de "A. Square". Nele, já cansado de seu triste destino (deixo para os leitores o prazer de descobrir qual), "A. Square" deixa Abbott se expressar. O resultado é: "Ai de nós, a cegueira e o preconceito são traços comuns à humanidade em todas as dimensões". Completo: e para todos os tempos.
No século XX, Einstein construiu a sua teoria, Francis Crick e James Watson
descobriram a estrutura do DNA dos seres vivos, mas nós continuamos presos aos nossos
pequenos preconceitos. Infelizmente.

Alessandro Ci'eco Engenheiro.

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