terça-feira, 7 de setembro de 2010

Up Grade Protocolo de Kioto/MDL


O estudo Perspectivas em Tecnologias Energéticas 2010 elaborado pela Agência Internacional de Energia elenca para 2050 os investimentos totais no fornecimento e na utilização de energia que atingem 270 trilhões de dólares americanos no Cenário Base e superior em 46 trilhões de dólares americanos (17%) ao cenário de Base para reduzir em 50% as emissões de CO2.

Tendo estas referências em mente e as metas de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa no Brasil entre 36,1% a 38,9% e formalizadas na COP15 para serem alcançadas até 2020, surge um novo olhar para o setor bioenergético nacional e sua missão global.

Durante a elaboração e validação do Protocolo de Kioto os países do G8 eram os maiores emissões de GEE, seguido de perto pelos emergentes. Com o surgimento de mais um jogo de letrinhas - G20 e BRICS - o poder e a responsabilidades pela redução das emissões foram universalizadas, um passo importante para se discutir reduções “mensuráveis" na COP16 e não mais as soluções “ocas”. Este processo foi liderado pela então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff e que colherá os frutos políticos que teriam ido para Marina Silva se tivesse mais um pouco de paciência para esperar no governo.

Estas mudanças tectônicas requerem, primeiramente, um up-grade dos consultores em CC, do PK e do Mercado Voluntário para para eliminar o Duping Ecológico, majorar o valor do Crédito de Carbono, iniciar o uso direto de biocombustíveis na geração de CC atualmente restrito à produção de energia elétrica por bagaço e palha de cana, mesmo depois do MDL para uso direto de biocombustíveis líquidos ter sido aprovado na ONU em Dezembro de 2010.

Macedo (2004), destaca que no caso das usinas de geração de energia elétrica a biomassa de cana-de-açúcar, apesar de ser emitido carbono na fase da queima do combustível, ocorre o sequestro do carbono da fase do crescimento da cana, assim o balanço das emissões é nulo e os créditos de carbono são obtidos devido às emissões que são evitadas pela geração de energia elétrica nestas usinas em substituição às usinas térmicas a gás natural ou a óleo combustível, que possuem um balanço de emissões desfavorável.

O balanço das emissões dos Gases do Efeito Estufa na produção e utilização da
cana-de-açúcar Segundo Macedo  et al (2004), a agroindústria canavieira é apontada como
importante atividade na produção de energia e para a mitigação de GEE´s devido a seus produtos energéticos serem utilizados em substituição aos combustíveis fósseis (derivados de petróleo e carvão) e ao gás natural. Além da produção de álcool o processamento da cana-de-açúcar para a produção de álcool e de açúcar resulta na geração do bagaço, esse resíduo também representa um diferencial ambiente positivo na medida em que vem sendo aproveitado pelas usinas como fonte de energia para a produção de calor industrial e de energia elétrica substituindo o uso de derivados de petróleo e incrementando o potencial de redução da emissão de Gases do Efeito Estufa. Porém, segundo o autor no plantio, na colheita, no transporte, no processamento e no uso dos produtos de cana-de-açúcar são consumidas grande quantidades de energia e gerados Gases de Efeito Estufa, portanto é necessário um e tudo comparativo para que se conheça balanço energético e a real situação da emissão e sequestro destes gases.

Os dados seguintes baseiam-se em estudo elaborado por Macedo et all (2004), para a secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo e apresentam uma comparação entre a energia consumida na produção de cana-de-açúcar e etanol, versus a energia gerada pelo etanol e pelo bagaço excedente.

São apresentadas três tabelas: a Tabela 2 traz os valores da energia consumida na produção de cana-de-açúcar, a Tabela 3 mostra a energia consumida na produção do etanol e a Tabela 4 apresenta a comparação entre os dados das duas primeiras tabelas, confrontados com a energia produzida pelo etanol pelo bagaço da cana-de-açúcar. Os dados são válidos para os processos atualmente utilizados em São Paulo.
Não foram incluídos na análise os da dos de consumo de energia na produção de açúcar devido a este ser um produto alimentício e não energético.
















Ainda segundo o autor, nos dados acima se observa que a groindústria canavieira não contribui para o sequestro de carbono da atmosfera, pois todo o carbono retirado da atmosfera durante a fase de crescimento da planta é depois devolvido à atmosfera na fase de utilização dos produtos da cana-de-açúcar, porém contribui para a redução dos Gases do Efeito Estufa, através das emissões evitadas, pois os produtos energéticos da cana-de-açúcar etanol e bagaço excedente) substituem combustíveis fósseis e gás natural, que são emissores destes gases impedindo que novas emissões ocorram na atmosfera.
Hoje temos que discordar do autor com base nas técnicas conhecidas e aplicadas comercialmente para mitigar emissão de CO2 incluindo o uso de B100 na cadeia produtiva e logistica.

As tecnologias de mitigação de GEE subdividem-se em temporárias e permantes,

Temporárias: Em uso pela Praxair e Air Liqued  para aprisionar CO2 em cilindros sob alta pressão (100 bar) para uso em bebidas gaseificadas ou em equipamentos de refrigeração, extintores de incêndio e etc.

Permanentes: Destacamos a tecnologia emergente CCS (Carbon Capture and Storage ) estimada em US$100/ton pela Shell quando um barril de petróleo gera 317kg de CO2 e custa US$ 76,87/barril.
Dente as tecnologias de mitigação permanente destacamos os biocombustíveis, a única tecnologia de captura carbono testada e consolidada em uso comercial,  com destaque para o etanol sustentado pela premissa de que a expansão de produção de biocombustíveis no Brasil se utiliza áreas de pastagens degradas e replantadas com cana de açúcar que só nos últimos trinta anos, graças a pesquisas e tecnologia, teve aumentado em 8 vezes a capacidade de sintetizar o CO2 e converte-lo em energia. Na prática a absorção de GEE não se limita portanto a produção de etanol mas deve ser levado em conta o uso e características das terras em uso.

Portanto,  além do diferencial único acima que aumenta absorção de CO2, o etanol pode ser produzido com a cadeia logística operando com B5 ou B100,seja em caminhões, colheitadeiras, tratores ou navios.




Emissões específicas, produção e uso do etanol
• Emissões na mudança de uso da terra Diretas: entre 2002 e 2008, a cana ocupou áreas de
pastagens e culturas anuais , com menos de 2% do total em áreas com vegetação nativa (ICONE/INPE, 2008; CONAB 2008). A análise detalhada da mudança indica que haverá aumento nos estoques de Carbono no solo.
Indiretas: não há ainda critérios aceitos para a avaliação (EU,EPA, CARB e outros). Os estudos no Brasil (ICONE) indicam que , se houver, o efeito será mínimo; causas:
disponibilidade de terras e legislação preventiva o efeito da intensificação da pecuária

Negociações sobre mitigação de emissões/O Brasil como exemplo de economia de baixo carbono.
  • Persiste o debate sobre metas globais; sua  repartição entre países ou grupos de países; e a adoção de políticas internas pelos países.
  • Políticas públicas que ampliem a participação do etanol na matriz energética brasileira e mundial.
  • Os mecanismos para manejo das emissões entre os países (como o MDL) ainda são muito limitados, notadamente para as energias renováveis como o etanol.
  • Conveter créditos de carbono com valores majorados em Notas do Tesouro Nacional conversíveis exclusivamente para financiamento bioenergético em bancos públicos e privados com o governo obtendo retorno em arrecadação com resgate de 30 anos.


Decreto nº 2.687/1875 (Barão de Cotegipe):
Autoriza o Banco de Crédito Real a conceder financiamento para a instalação de engenhos de açúcar, com condições e juros específicos para estimular o setor.
  • É necessário que metas internacionais sejam adotadas de maneira uniforme, incluindo China e Índia, para proteger a competitividade de nossa indústria.
  • Regulamentar a exportar apenas de E20/25 para ampliar e consolidar o mercado externo replicando legislação brasileira.
  • A nossa matriz energética relativamente limpa é uma vantagem que deve ser considerada no comércio internacional, base para replicar nossa legislação de biocombustíveis no mundo.


Custos:
Os créditos de carbono abrem uma nova possibilidade baseada na posibilidade de aquisição de LTN com créditos de carbono vendidos a termo ao governo brasileiro e com o valore real de face, ou seja, o custo da quantidade de litros de biocombustiveis (etanol por exemplo) para mitigar um tonelada de CO2 a exemplo do custo real de captura/armazenamento de 1 ton de CO2 com CCS (carbon capture and storage).

É verdade que Brasília não quer nem ouvir falar de CCS, mas neste caso apenas mencionamos para termos um valor referencial do custo real de captura de uma ton de CO2 pela industria petrolifera e calculado pela Shell em ~ US$100/ton/CO2 assim como tem o custo de captura de 1 ton de CO2 para gaseificar bebidas, por exemplo.

Para estabelecermos o valor real de captura de 1ton CO2 com etanol temos por base o fato de que etanol mitiga 90% das emissões e reconhecido em estudos feitos pela Europa/OCDE retardatariamente.

1litro de gasolina emite 2,8 kg de CO2, portanto, 357.142857 litros de gasolina emitem 1 ton/CO2.

1 litro de etanol reduz 90% de 2,8 kg de CO2, logo, são necessários 1000 / (2.8 * .9) = 396.825397 litros de etanol para mitigar 1 ton de CO2.

Concluimos sob a luz do método científico que o preço real e político da ton de CO2 mitigada por etanol é de:
396.825397 litros * R$ 0.9971 Brazil reais = 230.17737 U.S. dollars
Pouco acima de CCS, mas o suficiente para converter CC em LTN (30 anos) para financiarmos nosso projeto levantando os recursos necessários de longo prazos junto à bancos publicos e privados com baixa taxa de juros oferecendo como garantia as LTN's e alienação fiduciária do ativo.
Como os titulos retornam 1% ,projetos de bicombustíveis (etanol) 17% e impostos superiores a remuneração de LTNs, o governo resgata as LTN`s em impostos por toda a cadeia de valor no fim do período de 30 anos com superávit, além dos impostos de CC.

Hoje o usineiro alavanca crédito vendendo safra a termo em multiplos de 4 aumentado o risco do empreendimento, agora o empreendedor alavanca investimentos com créditos de carbono com alavancagem limitada 12 (Basiléia) que serve inclusive para participar de leilões do Pre-Sal e, para, ao invés de exportar E100, exportar E5/E25 e/ou B5/B25 ao invés de gasolina G100 até que produção atenda demanda global por E100/B100.

De maneira análoga, o governo pode "securitizar" os créditos de carbono colocando novos papéis no mercado lastreados em sustentabilidade, o novo "padrão ouro" e recuperar o bônus político do Brasil ser único case de sucesso no mundo envolvendo biocombustiveis conforme o US National Security Strategy onde afirma que os EUA focarão energia nuclear, cabendo ao Brasil liderar biofuels
ocupando o vácuo deixado.

O Crash das Tulipas (1634-1637)

É provavelmente o primeiro Crash minimamente documentado. Passou-se, imagine-se, em pleno Século XVII na Holanda, más já nessa altura podemos encontrar as características habituais dos Crashes modernos e não deixa de ser, do ponto de visto histórico, extremamente interessante recordá-lo e compará-lo com os Crashes dos mercados modernos.

A Bolha das Tulipas iniciou-se com a sua importação da Turquia a partir dos finais do Século XVI quando, entretanto a flor foi atacada por um vírus que não a matou más antes começou a produzir novos padrões, que variavam de Tulipa para Tulipa produzindo assim um artigo raro, procurado e apetecido.

Assim e talvez não muito surpreendentemente conhecendo a natureza dos mercados e a irracionalidade que pode atingir os investidores, a cotação das Tulipas começou a subir de tal forma que a dada altura havia investidores dispostos a desfazerem-se de todas as suas poupanças de uma vida ou mesmo dos seus terrenos e das suas casas para adquirir mais Tulipas quando não para adquirir uma única Tulipa, sempre no pressuposto de que a(s) venderiam mais tarde a um preço mais elevado. Num só mês chegaram a registrar uma valorização de 20 vezes!

Em determinado momento os investidores mais prudentes começaram a desfazer-se do seu espólio provocando uma correção no valor das Tulipas e não tardou surgiu o efeito de avalanche característico dos Crashes. O que começou por uma correção mais do que justificada a tanta irracionalidade em torno de um produto de valor subjetivo, más cuja avaliação tinha atingido valores perfeitamente irracionais não tardou e transformou-se em pânico com os investidores a vender a qualquer preço aquilo que tinham comprado a peso de ouro, não que fossem movidos por uma repentina crise de racionalidade, más por puro e simples pânico.

Os efeitos deste Crash foram tão profundos que acabou por se transformar numa depressão econômica...

Certamente não precisamos de um efeito tulipa no setor de bioenergia para majorar os CC e viabilizar os financiamentos, mas é necessário majorar o valor dos CC para estimular a produção, produtividade e na velocidade do Pré-Sal.

Para absorver as 646 744 176 de ton CO2 resultante da extração do Pré-Sal em 2019, precisamos produzir (646 744 176 * 396.825397) 256 644 514 000 de litros de biocombustíveis.

Este montante poderá diminuir com o aumento do uso dos veículos híbridos fuel flex e racionalização de energia amenizando a pressão de consumo nas pontas de consumo.




Destilaria “padrão”
Moagem anual 2,5 M tc
Moagem diária 12.000 tc
Produção anual de etanol 170 M litros
Geração de energia excedente 80.000 MWh/ano
* Área total ocupada (canavial+AP) 35.000 ha
Mecanização da colheita 100%
Produção de etanol (l/d) : 1.000.000
Dias de safra : 200 dias
Aproveitamento safra: 95%
(*) inclui 20% de área de reserva ambiental prevista na Legislação

Cluster  padrão
No. de destilarias: 15
Total cana moída: 30 Mt/ano
Produção total de etanol : 2,55 bi/litros
Empregos diretos : 74.700
Área total : 525.000 ha
Área de preservação ambiental : 105.000 ha
Geração de energia elétrica : 1.200 GWh/ano
(Brasil 2002 324.365 GWh)
Total cana moída : 30 Mt/ano
Empregos diretos : 74.700
Área total : 525.000 ha

Características sociais de um cluster
Empregos: 22.000 diretos e 75.000 totais (regional)
Pessoas beneficiadas na região: 60.000 a 200.000
Célula de desenvolvimento social:
Escolas e transporte
Posto de saúde e hospital
Escolas técnicas e superior
Áreas de esporte e lazer

Investimentos até 2025
Resultados
Produção de álcool 205 bilhões de litros/ano
Produção de eletricidade 106,0 TWh/ano
Exportação em 2025 US$ 61,5 bilhões
Aumento do PIB R$ 374,6 bilhões
Incluindo rendas diretas, indiretas e induzidas (matriz insumo-produto)
Aumento do emprego 9,6 milhões
Salário médio 50% acima da média nacional.
Região C-S: 60%
Região N-NE: 40%
Destilarias: 615
Moagem anual: 1,2 bi/toneladas de cana-de-açúcar
21,5 milhões de ha
11 Estados; 347 municípios

Investimento(US$):
Destilaria-padrão: 575M cada
615 destilarias: 353, 62 Bi
Transporte (dutos e escoamento):  21,3 Bi
Região C-S:  12,8 Bi
Região N-NE:     8,5 Bi




José S Sobrinho
Integrador de Negócios na JGroup






Fontes:
Unicamp/NIPE/CGEE - Luiz Cortez/Isaias C Macedo
AIE
E-machine.com.br
Luiz Augusto Meneguello/Marcus Cesar Avezum Alves de Castro

MAPA - José Nilton Vieira

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